quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O que é nacional também é giro e moderno



Francisca Ribeiro e Gisela Cunha - as fundadoras da Arterístico

Complementam-se nas palavras e no talento. Completam as frases e os pensamentos uma da outra. São melhores amigas desde os 10 anos e agora, aos 31, também são sócias na vida profissional. Gisela Cunha e Francisca Ribeiro são as fundadoras da start up Arterístico e pretendem dar uma nova vida a figuras emblemáticas da história de Portugal.

A Gisela é licenciada em Gestão e a Francisca em Design de Comunicação. Partilham gostos, interesses, opiniões e partilhavam sonhos até que decidiram colocá-los, pelo menos a um deles, em prática. “Sempre nos identificamos muito em termos de valores, de imagem, de estética. Começamos por dar asas à criatividade desde sempre: um amigo nosso faz anos e lá estamos as duas a inventar uma coisa personalizada, completamente diferente, de preferência feita por nós. No dia-a-dia, para as nossas coisas também somos assim. E é uma na outra que nos apoiamos para isso” afirma Gisela. Assim nasceu a Arterístico – Arte, Turismo e Cultura, com o objectivo de modernizar alguns objectos representativos da imagem de Portugal. Nasceu “da nossa amizade, da nossa igualdade de pensamento e das nossas viagens, de passearmos por lojas de souvenirs” onde ambas viam artigos esteticamente pouco simpáticos e algo antiquados. Com algumas ideias trazidas de visitas a outros países, pensaram no que podiam fazer para criar peças mais interessantes e modernas, que representassem bem as cores nacionais.

As figuras da história de Portugal ganham nova vida com este projecto

Para isso, criaram três personagens: o José, admirador do Zé Povinho, a Ana, uma linda menina vianense, e o Salvador, adepto do Galo de Barcelos. “Escolhemos estas três primeiras porque pensámos que eram as mais transversais a nível nacional”, diz Francisca, já que pretendem colocar os artigos para venda em todo o país. Neste momento, já foram criados: postais do José, da Ana, do Salvador e dos gémeos de Cerveira (criados especialmente para a Bienal de Cerveira de 2013); pen da Ana de 4 Gigas; ambientador Zé Povinho, com cheirinho a Portugal; e mascotes estampadas e pintadas à mão. Para já, os artigos encontram-se à venda no Norte do país, nomeadamente em Barcelos, Braga, Bragança, Guimarães, Lamego, Marco de Canaveses, Porto e Vila Nova de Cerveira e Vila Nova de Gaia, custam entre 1€ e 125€ e possuem um QR Code que faz ligação à página web do projecto, onde é possível ver uma breve descrição sobre cada personagem. Desde que arrancaram com o projecto, que se encontra integrado na Incubadora de Indústrias Criativas Bienal de Cerveira, desde Julho de 2012 já venderam quase 250 artigos e a reacção do público tem sido positiva e variada: “Há pessoas que olham para os bonecos e vêem como algo infantil, outros vêem uma peça de arte”, declara Gisela. Estarem integradas nesta incubadora traz também algumas vantagens: tiveram acesso a um percurso formativo, que lhes deu algumas luzes sobre a criação e gestão de negócio; foi-lhes atribuído um mentor; têm ao dispor instalações e serviços a um baixo custo; sem esquecer o contacto directo e facilitado com o mercado.

Apesar de viverem em cidades diferentes, a Gisela em Vila Nova de Cerveira e a Francisca no Porto, onde tem a sua própria empresa de design e publicidade, a Start Sign, não têm qualquer dificuldade em gerir todo o trabalho em conjunto e não dispensam a opinião uma da outra. Querem levar os artigos o mais longe possível e dar opções a quem pretende um souvenir diferente e divertido. E, para o futuro, a Francisca confidenciou que estão a preparar um novo personagem, desta feita um adepto de D. Afonso Henriques.



Como podem reparar admiro muito o Zé Povinho. Identifico-me muito com a sua personalidade humilde, sensível e solidária, mas também desconfiada. E, tal como ele, sempre que é preciso estou pronto para lutar pelos direitos do povo, revolto-me e torno-me activo e resmungão.






Conta-se que uma linda princesa, de seu nome Ana, vivia num enorme castelo de onde nunca saía por ser muito tímida. Mas todos admiravam a sua beleza, por isso, sempre que tinham a sorte de a avistar à janela, saiam pelas ruas a dizer: “Vi Ana do Castelo, Vi Ana do Castelo!” E foi assim que foi escolhido o meu nome, do qual eu gosto muito, pois tenho muito orgulho nas minhas origens, como também podem ver pela minha roupa.



Salvador como o galo de Barcelos! Ele é uma verdadeira lenda e uma inspiração para mim… Reza a história de que ia um peregrino galego de seta em seta quando, de passagem por Barcelos, é injustamente incriminado! Ele que só queria cumprir a sua promessa, foi condenado à forca! Mas no último instante conseguiu que o levassem à presença do juiz que se preparava, junto com os seus amigos, para comerem um grande banquete! Sem conseguir demover o juiz da sua decisão, o peregrino aponta para um galo assado que estava na mesa e diz: “É tão certo eu estar inocente como esse galo começar a cantar quando me enforcarem.” E não é que no momento da verdade, o galo levantou-se da travessa e começou a cantar, salvando assim o peregrino?!
 



Estes gémeos foram criados no âmbito da Bienal de Cerveira 2013, como homenagem ao concelho conhecido pelas artes e pelos cervos.






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